quinta-feira, 15 de março de 2018

Encontro Internacional - onde Barrancos será tema de debate (hoje e amanhã, em Lisboa)


Encontro Internacional Fronteiras e Topografias do Poder: culturas de raia e economias possíveis, entre discursos e práticas 
(ver programa completo e resumos)

O objectivo deste Encontro Internacional é partilhar o conhecimento produzido em vários projectos científicos levados a cabo na última década, que serviram para formar investigadores e divulgar os resultados das suas investigações em publicações que circulam no âmbito académico e fora dele. Constitui, portanto, o final de um caminho e uma abertura para novos modos de ver as fronteiras. Num longo passado, as populações que habitaram as fronteiras integraram redes informais, que competiam com o campo de actuação estatal, e desenvolveram modos de vida que incorporam identificações contraditórias, expressas numa vida local com uma mistura de traços culturais delineados de um e de outro lado da fronteira. 
A fronteira tem uma dimensão associada aos fluxos que a cruzam, dolorosos ou fruídos, entre o refúgio e o turismo, e remetem para culturas de orla, que enquadram o escapismo e a luta contra os Estados. As construções políticas e culturais centradas nos limites remeteram para a relação entre centros e periferias, assente em realidades complexas e multidimensionadas, que se articulam de forma diversa no espaço e no tempo, assumindo características específicas nos terrenos coloniais. O campo relacional fronteiriço, que compreende um conjunto de laços em que a economia local e as sociabilidades geradas se desenvolveram numa zona de influência complexa, comporta modos de vida que inserem a transgressão na rotina, em que a definição de uma identificação nacional integra um processo social contínuo de delimitação conjuntural dos amigos e dos inimigos. 
Os Estados-nação da modernidade dotaram-se de um conjunto de mecanismos destinados a garantir a sobreposição da lealdade a um centro, relativamente a outras mais localizadas. Por outro lado, as populações fronteiriças responderam com um conjunto de práticas possíveis, delineadas frequentemente a partir de uma cultura de resistência aos centros de poder. Desses cruzamentos, nas fronteiras ibéricas e em diálogo com outras fronteiras mundiais, fará eco este Encontro, que juntará em Lisboa investigadores que, de modo disperso, têm trabalhado sobre o tema.

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