quarta-feira, 25 de março de 2015

Memórias de Barrancos - O pregoeiro

Quem, não se recorda da história dum famoso pregão que anunciava uma sessão de cinema? Dizia assim: "Se faz saber que,... amanhã há cinema, sonoro, falado, ao ar livre destapado".
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Em Barrancos, o pregoeiro, tarefa assegurada por funcionário do Município em acumulação com outra atividade de zelador ou guarda municipal, tinha como função anunciar à população qualquer facto ou acontecimento de interesse geral, proveniente na sua maioria da Câmara Municipal ou até de particulares.
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O pregoeiro, sempre colocado em sítios estratégicos da Vila, esquinas ou pontos altos - (p.e.: nas praças, no alto do Cerro, no Altossano, em Sº Bento, em Montes Claros, no Cantinho, na Ladêra, no Quiligrito, etc;) -, anunciava o seu pregão, que (quase) sempre começava com o "se faz saber, que..."
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Entre os pregões oficiais os mais recordados são sobre o "dia de vacinar os cães", o encerramento de "ruas ou calhegôes, por motivos de obras", os de "venda de carnes de matanças", sem esquecer o que "procuravam chaves ou outros objetos pessoais perdidos".  No Carnaval, por paródia, faziam-se outros tipos de pregões e brincadeiras, como aquele de "apregoar uma senhora, que não conseguia arranjar noivo"!!
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Segundo contaram ao eB, foram vários os pregoeiros que, oficial ou informalmente, desempenharam esta função em Barrancos: o tio Gala, o tio Ferro, o tio Reganha e o tio Manuel Duêro, são os mais citados. A função do pregoeiro, que foi sendo substituída por outras formas de comunicação à população, através de avisos, comunicados ou editais oficiais, terá desaparecido na década de 70 (séc. XX).
Sº Bento
Montes Claros
Cantinho
Laderas
Alguns dos locais tradicionais do pregão. Fotos: eB, 12-03-2015

4 comentários:

Anónimo disse...




Então as pregoeiras que anunciavam os casamentos? eu só me lembro que andavam de porta em porta mas,alguém mais velho de certeza que lembra o pregão de outra forma.
Cmpmt Maria

Anónimo disse...

Pois é, e quando as pessoas não se encontravam em casa, escreviam as ombreiras das paredes. Já não se usa, tal método engraçado ��

Jacinto Saramago disse...

Caros/as anónimos acima:

Quem anunciavam o casamentos, não eram pregoeiros/as. Se bem me lembro, até há cerca de 10 anos, ou talvez menos, muitos casamentos eram anunciados por lista/porta-a-porta, por um familiar, amigo ou, até, uma "profissional", a quem muitos recorria, dada a experiência.
Quando o convidado não estava em casa, quem anunciava escrevia na parede, junto à porta de casa "De parte de fulano e sicrano, que se casam dia x, às y horas".

Desta forma, poupava-se convites em papel, que sempre saia mais caro.


Cpts

Antonia Bergano disse...

Obrigado Jacinto POR IRES LEMBRANDO COISAS DO PASSADO "TRADIÇÕES QUE SE PERDERAM E QUE FAZ TODA A DIFERENÇA...POIS TODA POPULAÇÃO GOSTAVA E ERA INFORMADA DUMA FORMA MUITO PESSOAL E INÉDITA... aBÇ